Em 1528, um dos 5 navios da frota do descobridor e "conquistador" castelhano Pánfilo de Narváez (c.1470-1528) naufragou num local denominado Santa Cruz, indeterminado até hoje. Sabe-se apenas que era uma pequena angra pouco profunda desembocando numa ampla baía, localizada algures na costa Sudoeste da Florida.
Alguns investigadores acreditam que o obscuro local de Santa Cruz poderia ser o actual porto de Charlotte (Charlotte Harbor), iniciando assim mais uma corrida em busca dos hipotéticos vestígios do navio de um dos primeiros exploradores marítimos da América do Norte.
Este é o mistério que o arqueólogo náutico J. Cozzi espera desvendar em breve, tendo sido contratado pelos Laboratórios Marinhos «Mote» (Mote Marine Laboratories, Florida) para liderar uma prospecção exaustiva de navios afundados de todas as épocas no histórico porto de Charlotte. Prevê-se igualmente a obtenção de licenças de escavação e musealização dos vestígios a serem descobertos, aguardando-se confirmação de uma verba de 50.000 dólares a obter junto do Congresso.
Em Busca da História Submersa
Alguns sítios de naufrágio foram já localizados, recorrendo não apenas a equipamento especializado, como a informações de vários particulares, técnicos, pescadores e investigadores locais.
No entanto, não se espera que algum dos naufrágios de Charlotte Harbor possua tesouros escondidos. Os verdadeiros tesouros poderão ser as histórias encerradas nos vestígios por descobrir, uma vez que os arquivos históricos são pobres em registos da actividade marítima, naquele que sempre foi um longínquo posto comercial fronteiriço e de contrabando, particularmente durante a época colonial e a Guerra Civil norte-americana.
Por outro lado, esta também uma oportunidade importante para documentar o papel de Charlotte Harbor como local de desembarque de várias das primeiras explorações geográficas e militares da América do Norte. Atestar a presença europeia neste recanto dos Estados Unidos seria uma importante contribuição para a jovem história dos Estados Unidos.
Desventuras Marítimas dos Descobridores
De facto, as expedições marítimas ter-se-ão iniciado neste continente com os desembarques do visionário Juan Ponce de León (1460-1521) em 1513 e 1521, acreditando ter descoberto a mítica Fonte da Juventude.
Ponce de León acompanhara Cristóvão Colombo na sua segunda viagem ao Novo Mundo em 1493, tornara-se Governador da ilha de Porto Rico. Anos mais tarde, à frente de dois navios equipados e tripulados às suas expensas, em Abril de 1513 baptizou a península recém-descoberta de "Pascua Florida", o actual Sul do Estado da Flórida. Trata-se (muito convenientemente...), segundo alguns guias turísticos, do actual "Fountain of Youth Park" (155 Magnolia Avenue), em St. Augustine (160 km. de Orlando, 500 km. de Miami). É até possível provar a água ou comprá-la engarrafada, mas não consta que alguém tenha rejuvenescido.
Após uma tentativa infrutífera para estabelecer uma colónia (em Pine Island), a expedição foi repelida pelos índios locais. Ferido por uma seta, o explorador fugiu para Porto Rico, onde veio a morrer.
Também Hernando de Soto desembarcou na Florida em 1539 à frente de pouco mais de 500 aventureiros em busca de minas de ouro e terras para colonizar, iniciando uma longa jornada de exploração que duraria 4 anos atravessando nada menos de 10 dos actuais Estados norte-americanos. O seu último feito foi a descoberta do grandioso Rio Mississippi, no qual viria a morrer.
Conquistador Naufragado
Mas foi a desventura de Pánfilo de Narvaéz que deixou a mais forte impressão na História marítima local. O conquistador dirigia-se a Havana (Cuba), liderando uma frota de 5 navios e 400 homens e algumas das respectivas mulheres, além de 80 cavalos. Mas, em 15 de Abril de 1528, uma tempestade arrastou os navios contra a costa do Sul da Florida.
Encurralados numa terra desconhecida e constantemente assediados pelos numerosos índios locais, os castelhanos atravessaram o interior da península até próximo de Tallahassee, onde improvisaram a construção de algumas embarcações, vendo-se obrigados a comer os seus cavalos antes de embarcarem rumo à salvação.
Os sobreviventes desta odisseia acabaram por descobrir parte do Texas e México actuais antes de conseguirem regressar a casa, em Espanha. Destes, apenas quatro homens sobreviveram para contar a história. A crónica desta ousada expedição, escrita por Alvar Núñez Cabeza de Vaca (explorador, conquistador e autor) que servia como Tenente e tesoureiro da armada, publicada em 1542, ainda hoje fascina leitores do mundo inteiro (veja-se um "post" anterior nosso)
Notícia do "Sun Herald".
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