Quando o Canal da Mancha era apenas uma extensão de terra
A cartografia da paisagem pré-histórica do fundo do actual Canal da Mancha está a ser revelada por uma equipa multi-disciplinar de cientistas da Universidade de Birmingham, reunindo arqueólogos, geólogos e engenheiros informáticos. "Doggerland" foi o nome com que os geólogos baptizaram a antiga região, devido ao nome do mais alto cume submerso, denominado Dogger Bank, no qual diversos artefactos pré-históricos têm sido achados fortuitamente por pescadores e geólogos. Actualmente, está em curso o Projecto Doggerland dirigido pela Universidade de Exeter, que incluirá prospecções subaquáticas mais detalhadas dos fundos do Mar do Norte.
Para realizar esta ambiciosa reconstituição em 3 dimensões, a equipa recorreu a dados sísmicos fornecidos pela companhia Petroleum Geo-Services que serve a Indústria de exploração de Petróleo e Gás (confirmando os bons frutos de parcerias semelhantes nos Estados Unidos, como noticiámos em "post" recente), afim de compôr uma visualização desta vasta antiga planície que unia as ilhas britânicas à Europa no período Mesolítico, há 10.000 anos atrás, tendo sido submergida há perto de 8.000 anos, encontrando-se hoje o nível do mar (em média) cerca de 100 metros acima do nível antigo. Entre as várias revelações estão um rio com 600 metros de largura e semelhante em comprimento ao Tâmisa que desapareceu quando o vale em que se encontrava foi inundado pelo degelo dos imensos glaciares que então se encontravam próximos.
Trata-se do mais completo projecto de realidade virtual desde "Virtual Stonehenge", realizado em 1996 (infelizmente, já não disponível "online").
Os cientistas basearam a flora antiga gerada em computador a partir de vestígios de pólen e plantas extraídas de prospecções geológicas obtidas no fundo oceânico.
Segundo o Director do Institute of Archaeology and Antiquity da Universidade de Birmingham, com esta reconstituição da paisagem pré-histórica pretende-se disponibilizar aos cientistas um novo olhar e novos ferramentas para o estudo da ocupação humana na região do Mar do Norte.
Notícia da BBC.
Na verdade, os achados pré-históricos nas profundezas do Mar do Norte têm sido registados com alguma regularidade, como por exemplo, estes utensílios ao largo da costa de Inglaterra, pesquisado pela S.A.L.T. (Submerged Archaeological Landscape Team), equipa arqueológica da Universidade de Newcastle upon Tyne que estuda a morfologia costeira antiga do litoral inglês.
Para mais detalhes, veja-se a informação disponibilizada pela Universidade de Birmingham.
Conhecimento do Oceano no Algarve
Mais perto de nós, no âmbito do projecto "Ciência Viva", decorre desde 10 de Janeiro no "Experimentarium" do Centro Ciência Viva do Algarve (em Faro), uma exposição interactiva sobre investigação e a divulgação do conhecimento do Oceano. Recolher destroços do fundo do oceano através de um braço robótico, satisfazer curiosidades sobre as novas tecnologias subaquáticas e conhecer a biodiversidade dos fundos oceânicos são algumas das possibilidades oferecidas pela exposição "No Profundo Oceano".
A exposição, dedicada às Ciências do Mar, resulta de uma parceria do Centro Ciência Viva com a Ocean Technology Foundation (OTF) da Universidade de Connecticut nos EUA, uma organização sem fins lucrativos que apoia a investigação no domínio das Ciências do Mar e das tecnologias de exploração subaquática.
Outro colaborador da exposição é o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) que tem desenvolvido estudos arqueológicos no Algarve.
No centro da exposição está a "Ocean Base One", primeiro laboratório subaquático permanente semelhante a uma estação espacial, onde o ser humano pode viver por longos períodos de tempo a uma profundidade de 150 metros. Nesta estrutura fazem-se investigações sobre o controlo ambiental, aquacultura, pescas e as novas tecnologias de exploração subaquática. A exposição informa ainda sobre as áreas costeiras, submersíveis, luz, distorção da voz, pescas, desperdício dos recursos vivos do mar e a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos.
Uma pequena visita virtual que se consulta num instante, para quem não puder descer ao Algarve.
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