No fundo do mar, ao largo da costa da Carolina do Norte onde o navio-pirata «Queen Anne’s Revenge» conheceu o seu último destino em 1718, estão a ocorrer fenómenos naturais que deixaram alarmados muitos norte-americanos. Por estranho que possa parecer, é a sobrevivência do navio do infame capitão "Blackbeard" (Barba-Negra) que está em jogo.
O Navio e o Pirata
O veleiro de 31 metros de comprimento e 200 toneladas que assolou as Caraíbas nos seus dias de glória, armava 40 peças de artilharia e já exibia uma temível bandeira "pirata", em fundo negro, com um esqueleto (mas não a que mais tarde se popularizou, o crâneo e as duas tíbias cruzadas).
Após a sua descoberta acidental, em 1996, tornou-se o centro das atenções locais e de um projecto arqueológico subaquático, afim de proteger e estudar um raro testemunho naval da época da pirataria.
Curiosamente, a curta mas violenta carreira nas Caraíbas do inglês Edward Teach "Blackbeard", pirata verdadeiro, veio a inspirar o personagem com o mesmo nome criado Daniel Defoe (autor de "Robinson Crusoe") em General History of the Robberies and Murders of the Most Notorious Pyrates, publicado em 1724.
"Requiem" por um Navio-Pirata
Com a passagem de quase três séculos, a erosão provocada pelas inúmeras tempestades marítimas e furacões expuseram gradualmente os restos do navio naufragado, pondo em risco a frágil estrutura de madeira do séc. XVIII. Segundo pesquisas recentemente efectuadas pelo Instituto de Ciência Marinha da Virgínia, a acção continuada dos elementos tem dispersado a camada protectora de areia fina e lodo sobre a qual o navio assentava desde a época do afundamento.
Esta razão explica o facto inesperado de os restos do «Queen Anne’s Revenge» se encontrarem hoje a uma profundidade substancialmente maior que a inicial (em 1718 o navio apenas encalhou, não ficando por isso totalmente submerso, mas no séc. XXI já é necessário mergulhar a 7,50 metros).
Embora este ciclo de exposição e re-deposição dos sedimentos tenha protegido o navio-pirata naufragado dos elementos, o pouco que resta do «Queen Anne’s Revenge» está agora particularmente vulnerável, correndo o risco de desintegrar-se em pouco tempo.
Por isso, segundo notícia recente, contempla-se mais do que nunca a remoção do fundo do mar do casco do navio-pirata. Uma operação que, a efectuar-se, custará mais de 3 milhões de dólares.
Um navio e muito dinheiro: Barba-Negra ficaria contente.
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