Ainda estou a tentar recobrar os sentidos depois das sinopses que li de um livro do brasileiro Aydano Roriz sobre D. Sebastião, mas aqui vai:
Alguns arrebatadores excertos deste livro circulam na "Net": "um dos aspectos mais curiosos deste trabalho é a elaboração das falas dos diversos personagens. Por exemplo o médico Amato Lusitano veio de muito longe para estudar o neto de D. João III e disse: «O principezinho nasceu efectivamente com pénis e com uma pequena vagina. Ambos menores que o normal. A bolsa escrotal é murcha como uma bexiga vazia e os testículos, de tão atrofiados, assemelham-se a duas sementinhas". Fantástico, não? E esta autêntica pérola: " Cardeal D. Henrique aparece a falar neste tom: «Tu pareces louca ó Catarina. Se não me respeitas como filho do Venturoso e irmão do teu marido, respeita-me ao menos como príncipe da Igreja. Achas que eu seria capaz de atentar contra a vida do senhor meu rei? Tu vai pentear macacos, ó Catarina! És louca, mulher.» Por sua vez Filipe de Espanha afirma para D. Sebastião, depois de este dizer que a sua mãe é Portugal: «Não sejas injurioso, rapaz. A tua mãe era uma mulher maravilhosa. Extraordinária mesmo.» Por fim as palavras de D. Sebastião para Filipe de Espanha sobre as suas reais intenções em África: «Temos conseguido poucos proveitos na Índia e no Brasil. E Marrocos, mesmo ao pé da porta, tem muito trigo, gado, açúcar e anil.» Por esta amostragem se faz a aproximação ao ponto talvez de maior interesse deste livro: a capacidade do seu autor se colocar na pele dos personagens, desenvolvendo os diálogos com muita vivacidade e a verosimilhança possível, pois (é claro) não estava lá ninguém para registar quando os episódios aconteceram. Nesse aspecto este texto é um achado.", isto de acordo com o Notícias da Amadora. Oh, meus amigos...
Honestamente, não sei o que dizer.
Vejam-se ainda estes exemplos antológicos da arte de não-dizer-nada: "trata-se de uma narrativa de 280 páginas a partir de uma investigação pessoal e do recurso à consulta de variada bibliografia. Sendo uma «história» de Dom Sebastião, torna-se também uma «história» do seu tempo pois incorpora muitos outros personagens e não se reduz à vida do «Desejado»" (ainda segundo o Notícias da Amadora). E não é tudo: parece que o autor é mesmo bom, pois "O livro nasceu de um amplo trabalho de pesquisa histórica de Aydano Roriz, que visitou vários dos lugares nele retratados (Portugal, Bélgica, Espanha) e consultou centenas de sites da Internet e livros do século XVII em português arcaico". É-me difícil conter o riso...
Mal-fadada hora aquela em que a Editora Pergaminho decidiu publicar em Portugal uma obra desnecessária e de teor aberrante. Porque não reeditar a grande obra de Queiroz Veloso, caramba? Evitavam queimar-se e, com eles, um bom bocado da nossa História...
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